Era chamado de Clóvis por frequentadores de um bar onde vivia de restos de tira-gostos, quando o resgatamos. Tinha pelo e rosto de leão. Virou Leo e honrou seu nome até o fim. Foi o rei da casa, apartando brigas e chamando a atenção dos bagunceiros eventuais. Mas não era do tipo déspota, pois sabia ser majestoso, fazendo carinho e cuidando de todos, dos caçulas aos mais velhos.
Adorava um colo e bastava dizer seu nome baixinho, para ele vir correndo de onde estivesse. Até que, há cerca de uma semana, chamei por ele e ele não veio. E deu para se esconder.
Muitas idas ao veterinário e tratamento em casa não foram suficientes para trazer nosso Leo de volta. Ontem à noite, na clínica, fiquei quase meia hora fazendo festa do jeito que ele gostava. Chegou a levantar e, em certo momento, mesmo com soro e sonda, me pareceu estar relaxado e em paz.
Hoje, nosso reizinho se foi de vez. Seu trono vai ficar vago por muito tempo, para tristeza do reino.