sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
domingo, 24 de janeiro de 2010
O que é a Princesa Paola de Orleans e Bragança anunciando uma Coleção “Real” de copos de cristal na compra da Revista Caras?
Cheguei a ficar na dúvida. Faço a genuflexão para reverenciar Sua Alteza?
E por que “Real”, não era Império do Brasil? – “Santa ignorância republicana”, diria a jovem princesa, se a nobreza fosse dada a comentar artigos de súditos insolentes. “Está tudo lá na Wikipedia”, ensinaria indulgentemente.
É real graças ao Principado de Orleans e Bragança. “Regularizado em 1909, reconhece os Orleans-Bragança como um ramo direto da Casa d'Orleans, e, por conseguinte, herdeiro ao trono francês”.
Hum, trono francês... Não sei, não, princesa. Pode não ser uma boa ideia. Sua Alteza sabe o que os parisienses fizeram com a última nobreza que passou por lá.
Melhor continuar na Ilha de Caras. Não é um Versailles, mas pelo menos a cabeça fica no lugar.
O que falta para salvar o Planeta
Um francês, um brasileiro e um americano estão se afogando e gritam por socorro. Qual dos três tem maiores possibilidades de ser acudido?
A julgar pelo pedido de socorro em cada idioma, é claro que o americano. O vocábulo tônico HELP, com vogal aberta, pode ser ouvido de longe e chama a atenção de qualquer um, bem ao estilo pragmático da língua inglesa. Ao brasileiro, resta a palavra SOCORRO, paroxítona, mais complicada de pronunciar quando se está com a vida por um fio. Por fim, o trissílabo oxítono AU SECOURS, do francês, praticamente o condena ao afogamento. É AU SE... glub glub.
Essa quase anedota me leva aonde quero chegar, que é a questão ecológica.
Por todo lado, cientistas, ongs e políticos apontam culpados: o gado, pelo aumento do buraco da camada de ozônio; a indústria, pela poluição dos rios; o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis, pelo aumento das emissões de CO²...
Só não vi, até agora, ninguém reclamar do uso inadequado de palavras extensas e complicadas para tratar do assunto. Palavras que não possuem o senso de urgência necessário para lidar com uma crise de tais proporções. Desenvolvimento autosustentável (tem ideia de quantas árvores centenárias dá para se derrubar enquanto se pronuncia a expressão?); sustentabilidade; rastreabilidade; biodiversidade; gases do efeito estufa e por aí vai. Fico imaginando quantas resmas a mais de papel reciclado foram gastas na impressão dos documentos do COP 15 com tamanho palavrório.
Não basta controlar as emissões de CO²; temos que reduzir também as emissões de vogais e consoantes, que só servem para consumir celulose e um tempo de que o Planeta não dispõe.
Tivessem os EUA assinado o Tratado de Kioto, nós já estaríamos em outro patamar. Sim, porque, fale-se o que quiser dos americanos, para eles tempo é dinheiro e não o gastam com prolixidades. Dão logo um jeito de abreviar, a começar pelo próprio nome de seu país. Assim, o momento decisivo da II Guerra Mundial, marcado pela invasão da Normandia, virou “Dia D”; “operação” é “op”, “para o seu conhecimento”, “fyi”, “memorando” é “memo” e “tão logo seja possível”, “asap”. E quando não dá para abreviar, eles criam siglas: “modus operandi” é “m.o.”; “Brasil, Rússia, Índia e China”, “BRICS”; polícia federal, “FBI” e banco central, “FED”.
Precisamos do compromisso americano de redução substancial de suas emissões, assim como precisamos de sua capacidade insuperável de produzir siglas. ASAP.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Quando não há espaço para ambiguidades
A notícia não é nova e por pouco nem chega a ser notícia: Explosão de fábrica de fogos no ABC paulista mata duas pessoas.
Digo que quase não é notícia porque fogos são feitos para explodir. É da natureza deles. Assim como a água é feita para se infiltrar por onde encontrar menos resistência.
Juntem-se centenas, talvez milhares, desses fogos, de índole explosiva, em um ambiente fechado, acondicionados precariamente e temos o desastre anunciado.
Mas o que me chamou a atenção em toda a reportagem, talvez por hábito de ofício, foi a roupa que o dono da fábrica de fogos vestia ao se apresentar na delegacia. Ele usava uma camiseta vermelha onde se lia, em caixa alta, a expressão WIPE OUT que significa em inglês aniquilar, destruir, massacrar. Comparecer assim para um depoimento na polícia, para mim equivale a uma confissão de culpa, tenha ele ou não.
Quase não acreditei em tamanho fault pas. Tanto que corri para o dicionário. Lá encontrei um outro significado, que serve de atenuante: to wipe out, cair de uma prancha de surfe. De volta à camiseta agora tudo fazia sentido. Um desafio de surfe na praia Waimea, do Havaí.
Mas a ambiguidade ficou onde não deveria haver espaço para ela. É como se o governador Arruda, envolvido até as entranhas no mensalão do DEM, aparecesse na TV fazendo propaganda do sabão OMO e, ao final, com seu sorriso amarelo, dissesse: “Omo, porque se sujar faz bem.”