segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Quando não há espaço para ambiguidades


A notícia não é nova e por pouco nem chega a ser notícia: Explosão de fábrica de fogos no ABC paulista mata duas pessoas.

Digo que quase não é notícia porque fogos são feitos para explodir. É da natureza deles. Assim como a água é feita para se infiltrar por onde encontrar menos resistência.

Juntem-se centenas, talvez milhares, desses fogos, de índole explosiva, em um ambiente fechado, acondicionados precariamente e temos o desastre anunciado.

Mas o que me chamou a atenção em toda a reportagem, talvez por hábito de ofício, foi a roupa que o dono da fábrica de fogos vestia ao se apresentar na delegacia. Ele usava uma camiseta vermelha onde se lia, em caixa alta, a expressão WIPE OUT que significa em inglês aniquilar, destruir, massacrar. Comparecer assim para um depoimento na polícia, para mim equivale a uma confissão de culpa, tenha ele ou não.

Quase não acreditei em tamanho fault pas. Tanto que corri para o dicionário. Lá encontrei um outro significado, que serve de atenuante: to wipe out, cair de uma prancha de surfe. De volta à camiseta agora tudo fazia sentido. Um desafio de surfe na praia Waimea, do Havaí.

Mas a ambiguidade ficou onde não deveria haver espaço para ela. É como se o governador Arruda, envolvido até as entranhas no mensalão do DEM, aparecesse na TV fazendo propaganda do sabão OMO e, ao final, com seu sorriso amarelo, dissesse: “Omo, porque se sujar faz bem.”

3 comentários:

  1. Ei Gugu, justo quando eu ia comentar que os artigos eram antigos, vc postou um novo. Adorei. Já comecei a divulgar. Bj
    Dolores

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  2. Háhahahhaha Muito bom, Gugu!
    Bjs
    Débora

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  3. Gostei muito, acho que ninguém prestou atenção nisso.
    Depois de quase aniquilar o bairro todo, foi surfar, rssssrs!!!!!

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